João
Lucas Minuncio Alves dos Santos
ÍNDICE
–
Resumo. 1. Apresentação. 2. Valores e liberdade. 3. Os valores que a sociedade
cultiva. 4. Como essas questões eram discutidas no cenário educacional nas
décadas passadas. 5. A ética nos dias atuais. 6. Considerações finais.Referencias Bibliográficas.
Palavras-chave:
Valores
éticos e morais. Disciplina. Sociedade. Escola. Educação. Moral, civismo.
Família. Capitalismo.
Resumo
No tema
abordado, observamos que os valores éticos na sociedade estão desaparecendo, em
virtude da impunidade que as leis oferecem e da falta de tratamento dessa
questão. Fazemos uma analogia dos valores morais e éticos, dentro das
instituições escolares no passado, com a presença de uma disciplina e no
presente, como tema transversal, para que possamos discernir melhor e buscar
soluções.
1-
Apresentação
Sendo analisada por vários setores da
sociedade e vista como ponto crucial de desenvolvimento do ser humano, a
educação não está conseguindo atingir seus objetivos fundamentais que é formar
cidadãos críticos, responsáveis e conscientes do seus deveres.
Os
reais motivos deste quadro caótico é a falta de reconhecimento da necessidade
de se ensinar valores éticos e morais, num século em que a tecnologia avança
tão rapidamente quanto a animalidade vai se internalizando em seus cidadãos.
Há
um setor, em grande desenvolvimento, movido pelo consumismo exagerado e outro
que cresce paralelamente, com indivíduos incapacitados para viver tal realidade.
2
– Valores e liberdade
A
constituição Federal em seu artigo 205 diz que: A educação, direito de todos e
dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Segundo
Michel Quoist em (Construir o homem e o mundo):
“A
maioria dos homens pensa ser livre quando pode dizer: eu faço o que quero, isto
é, não tenho algemas nas mãos, nenhuma coação física me tolhe, posso satisfazer
todos os meus instintos, meus impulsos, nada, nem ninguém me segura. Essa é a
liberdade do animal selvagem, mas, não a do homem”.
Este
pensamento hoje norteia uma grande parte da sociedade brasileira, em todas as
suas classes, sem exceção. O poder aquisitivo, seja auto ou baixo, e a
necessidade de obter cada vez mais, forma um homem incapaz de perceber e
praticar valores éticos, sociais e morais.
Quantas
vezes nos deparamos com notícias de desajuste social, anarquia, banalização dos
bons costumes e desrespeito as regras simples de boa convivência mostrando “ A urgência de compreender melhor o
inter-relaciomento dos seres humanos, assim como suas expectativas e níveis de
interesse tem levado nestes últimos anos a um aprofundamento radical nos
estudos éticos e morais,ressaltando deste modo uma nova e promissora
perspectiva para o crescimento e educação das futuras gerações.” (Sá,2001,
p.47).
Como pondera Gimeno Sacristán (2007, p.30):
“As políticas neoliberais [...] projetaram o
economicismo em que se apoiam sobre os critérios acerca do que se entende por
qualidade da educação. Deslocaram a política educacional do estado para o
âmbito das decisões privadas Desvalorizaram o sistema educacional como fator de
integração e inclusão social em favor da iniciativa privada, da ideologia que
busca a melhor passagem do sistema escolar [...] ao trabalhista e às
necessidades da produtividade econômica, apoiando-se e acentuando as
desigualdades sociais.”
A sociedade precisa propor uma educação que
conduza a paz, para a formação de valores essenciais ao convívio coletivo.
Pois como dita a
Constituição Federal em seu artigo 208, §1º:
“O acesso ao ensino
obrigatório e gratuito é direito público subjetivo”.
Além do que no §2º do
artigo 208 da Constituição Federal diz:
“O não oferecimento do
ensino obrigatório pelo poder Público ou sua oferta irregular importa
responsabilidade da autoridade competente”.
Como assevera (Bobbio, 1992,
p.61):
“Quando nascem os chamados direitos públicos subjetivos, que
caracterizam o Estado de direito. É como nascimento do Estado de direito que o
corre a passagem final do ponto de vista
do príncipe para o ponto de vista dos cidadãos. No Estado despótico os
indivíduos singulares só tem deveres e não direitos. No Estado absoluto os
indivíduos possuem em relação ao soberano direitos privados. No Estado de
direito o individuo tem em face do Estado não só de direito privados, mas
também direitos públicos. O Estado de direito é o Estado dos cidadãos”.
3
– Os valores que a sociedade atual cultiva
O
homem capitalista visa valores materiais e para isto se empenha para obter bens
que o tornem cada vez maior, mais poderoso e para satisfação desses desejos,
passa a vida lutando, gastando-se para adquirir mais bens.
Nesta
busca as famílias vão perdendo a sua função social como formadora, pois cada
vez mais os filhos são deixados aos cuidados de instituições que tentam
equacionar esse problema com conhecimento e novas aprendizagens.
Além
do mais, nos tempos atuais o Estado influencia na disciplina moral e social da
criação dos filhos.
Cada
dia que passa os jovens estão cada vez mais agressivos, já não respeitam mais
os pais como antes e muito menos os educadores.
No
mesmo sentido Adorno (1995, p. 155):
(...) desbarbarizar tornou-se a questão mais
urgente da educação hoje em dia. O problema que se impõe nesta medida é saber
se por meio da educação pode-se transformar algo de decisivo em relação à
barbárie. Entendo por barbárie algo muito simples, ou seja, que, estando na
civilização do mais alto desenvolvimento tecnológico, as pessoas se encontrem
atrasadas de um modo peculiarmente disforme em relação à sua própria
civilização, – e não apenas por não terem em sua arrasadora maioria experimentado
a formação nos termos correspondentes ao conceito de civilização – mas também
por se encontrarem tomadas por uma agressividade primitiva, um ódio primitivo
ou, na terminologia culta, um impulso de destruição, que contribui para
aumentar ainda mais o perigo de que toda a civilização venha a explodir, aliás,
uma tendência imanente que a caracteriza. Considero tão urgente impedir isto
que eu reordenaria todos os outros objetivos da educação por esta prioridade.
Assim
fica difícil proporcionar uma educação de qualidade, pois as normas atuais não
ajudam. A legislação busca a melhoria da qualidade de vida, mas será que ela
esta alcançando seus objetivos?
O
Estado manipula o modo de criação, no entanto um pai não pode se quer dar umas
“ palmadas” no filho que já é incriminado por este ato de correção.
Até
mesmo no conteúdo da Bíblia diz: Provérbios
29:15 “A vara e a repreensão dão sabedoria; mas a criança entregue a si mesma
envergonha a sua mãe.” Portanto,
os valores espirituais, morais e cívicos, acabam sendo minimizados causando a
falta de autoconhecimento e um individualismo real.
“A
situação era tão nova que os velhos conhecimentos não cabiam mais”. ( Monteiro
Lobato, A chave do tamanho).
4
– Como essas questões eram discutidas no cenário educacional nas décadas
passadas
No ano de 1969, em caráter
obrigatório e como prática educativa, foi instituída a disciplina “Educação
Moral e Cívica”, que tinha muitas finalidades, dentre elas o fortalecimento da
unidade nacional e do sentimento de solidariedade humana, o aprimoramento do
caráter com apoio na moral e na dedicação a família e a comunidade, e o preparo
do cidadão para o exercício das atividades cívicas. Ela pretendia estimular a
reflexão do pensamento voltado aos valores éticos e morais.
Porém,
no inicio da década de 90 houve uma mudança no currículo escolar, abolindo a
matéria Educação Moral e Cívica, da grade curricular.
5
– A ética nos dias atuais
Segundo
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs – 1998), moral é sinônimo de saber
viver as relações justas e cooperativas. Tratada como tema transversal, o que
deveria acontecer na pratica do convívio social, acaba sendo deixada em segundo
plano, para que os conteúdos das outras matérias.
Isso
converge para um retrocesso no convívio social, o que não é ensinado, nem
praticado, acaba ficando apenas no cognitivo.
A
vivencia dos valores dentro da escola, deve ser feita na prática, com
oportunidades educativas para que a criança e o adolescente aprendam os
direitos humanos verdadeiramente.
6
– Considerações finais
É de suma importância que a sociedade entenda que valores
espirituais, morais e éticos são princípios que norteiam a vida dos indivíduos
e os preparam para o convívio social. Eles devem ser aprendidos na escola,
vivenciados e acima de tudo praticados nas relações do dia-a-dia e também,
tratados como a mesma importância que as outras disciplinas possuem, não apenas
transversalmente, mas como matéria primordial para que as outras possam ser
aprendidas. Pois, numa classe em que não se respeita o professor, nem o colega,
não se é solidário e não se pratica a justiça, não existe um ambiente de
aprendizado efetivo. O que existe são cenas dramáticas de alguém tentando
ensinar e alguns poucos tentando aprender. É nesta incoerência de falta de valores
em que jaz a educação do Brasil.
Portanto,
é preciso que o Estado reveja seus conceitos para melhoria da educação, pois
como bem ilustra a frase: "Não é possível refazer este país,
democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de
matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a
educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade
muda." (Paulo Freire)
Referências
Bibliográficas
SACRISTÁN, J. G. A educação que ainda é possível.
Porto Alegre: Artmed, 2007.
SÁ, A. L. Ética e
Valores Humanos. Curitiba: Jurua, 2007.
QUOIST, Michel. "Construir o Homem e o
Mundo". Tradução: Rose Marie Muraro,
18ª ed., São Paulo: Duas Cidades, 1960.
LOBATO, Monteiro. A chave do tamanho – 10ª
reimpressão do 42ª edição de 1995. São Paulo: Brasiliense,2003.
BÍBLIA. Português.
A Bíblia de Jerusalém. Nova edição ver. E ampl. São Paulo: Paulus, 1985.
ADORNO, T. Educação
e emancipação. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1995.
Sites:
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