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sexta-feira, 18 de maio de 2012

A EDUCAÇÃO COM BASE EM PRINCIPIOS MORAIS E CÍVICOS, PROMOVENDO UMA NOVA CONSTRUÇÃO SOCIAL




João Lucas Minuncio Alves dos Santos


ÍNDICE – Resumo. 1. Apresentação. 2. Valores e liberdade. 3. Os valores que a sociedade cultiva. 4. Como essas questões eram discutidas no cenário educacional nas décadas passadas. 5. A ética nos dias atuais. 6. Considerações finais.Referencias Bibliográficas.
Palavras-chave: Valores éticos e morais. Disciplina. Sociedade. Escola. Educação. Moral, civismo. Família. Capitalismo.

Resumo
            No tema abordado, observamos que os valores éticos na sociedade estão desaparecendo, em virtude da impunidade que as leis oferecem e da falta de tratamento dessa questão. Fazemos uma analogia dos valores morais e éticos, dentro das instituições escolares no passado, com a presença de uma disciplina e no presente, como tema transversal, para que possamos discernir melhor e buscar soluções.

1- Apresentação
 Sendo analisada por vários setores da sociedade e vista como ponto crucial de desenvolvimento do ser humano, a educação não está conseguindo atingir seus objetivos fundamentais que é formar cidadãos críticos, responsáveis e conscientes do seus deveres.
Os reais motivos deste quadro caótico é a falta de reconhecimento da necessidade de se ensinar valores éticos e morais, num século em que a tecnologia avança tão rapidamente quanto a animalidade vai se internalizando em seus cidadãos.
Há um setor, em grande desenvolvimento, movido pelo consumismo exagerado e outro que cresce paralelamente, com indivíduos incapacitados para viver tal realidade.


2 – Valores e liberdade

A constituição Federal em seu artigo 205 diz que: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Segundo Michel Quoist em (Construir o homem e o mundo):
“A maioria dos homens pensa ser livre quando pode dizer: eu faço o que quero, isto é, não tenho algemas nas mãos, nenhuma coação física me tolhe, posso satisfazer todos os meus instintos, meus impulsos, nada, nem ninguém me segura. Essa é a liberdade do animal selvagem, mas, não a do homem”.
Este pensamento hoje norteia uma grande parte da sociedade brasileira, em todas as suas classes, sem exceção. O poder aquisitivo, seja auto ou baixo, e a necessidade de obter cada vez mais, forma um homem incapaz de perceber e praticar valores éticos, sociais e morais.
Quantas vezes nos deparamos com notícias de desajuste social, anarquia, banalização dos bons costumes e desrespeito as regras simples de boa convivência  mostrando “ A urgência de compreender melhor o inter-relaciomento dos seres humanos, assim como suas expectativas e níveis de interesse tem levado nestes últimos anos a um aprofundamento radical nos estudos éticos e morais,ressaltando deste modo uma nova e promissora perspectiva para o crescimento e educação das futuras gerações.” (Sá,2001, p.47).
Como pondera Gimeno Sacristán (2007, p.30):
“As políticas neoliberais [...] projetaram o economicismo em que se apoiam sobre os critérios acerca do que se entende por qualidade da educação. Deslocaram a política educacional do estado para o âmbito das decisões privadas Desvalorizaram o sistema educacional como fator de integração e inclusão social em favor da iniciativa privada, da ideologia que busca a melhor passagem do sistema escolar [...] ao trabalhista e às necessidades da produtividade econômica, apoiando-se e acentuando as desigualdades sociais.”
A sociedade precisa propor uma educação que conduza a paz, para a formação de valores essenciais ao convívio coletivo.
Pois como dita a Constituição Federal em seu artigo 208, §1º:
“O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo”.
Além do que no §2º do artigo 208 da Constituição Federal diz:
“O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder Público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente”.

 Como assevera (Bobbio, 1992, p.61):
“Quando nascem os chamados direitos públicos subjetivos, que caracterizam o Estado de direito. É como nascimento do Estado de direito que o corre a passagem  final do ponto de vista do príncipe para o ponto de vista dos cidadãos. No Estado despótico os indivíduos singulares só tem deveres e não direitos. No Estado absoluto os indivíduos possuem em relação ao soberano direitos privados. No Estado de direito o individuo tem em face do Estado não só de direito privados, mas também direitos públicos. O Estado de direito é o Estado dos cidadãos”.

3 – Os valores que a sociedade atual cultiva

O homem capitalista visa valores materiais e para isto se empenha para obter bens que o tornem cada vez maior, mais poderoso e para satisfação desses desejos, passa a vida lutando, gastando-se para adquirir mais bens.            
Nesta busca as famílias vão perdendo a sua função social como formadora, pois cada vez mais os filhos são deixados aos cuidados de instituições que tentam equacionar esse problema com conhecimento e novas aprendizagens.
Além do mais, nos tempos atuais o Estado influencia na disciplina moral e social da criação dos filhos.
Cada dia que passa os jovens estão cada vez mais agressivos, já não respeitam mais os pais como antes e muito menos os educadores.
No mesmo sentido Adorno (1995, p. 155):

(...) desbarbarizar tornou-se a questão mais urgente da educação hoje em dia. O problema que se impõe nesta medida é saber se por meio da educação pode-se transformar algo de decisivo em relação à barbárie. Entendo por barbárie algo muito simples, ou seja, que, estando na civilização do mais alto desenvolvimento tecnológico, as pessoas se encontrem atrasadas de um modo peculiarmente disforme em relação à sua própria civilização, – e não apenas por não terem em sua arrasadora maioria experimentado a formação nos termos correspondentes ao conceito de civilização – mas também por se encontrarem tomadas por uma agressividade primitiva, um ódio primitivo ou, na terminologia culta, um impulso de destruição, que contribui para aumentar ainda mais o perigo de que toda a civilização venha a explodir, aliás, uma tendência imanente que a caracteriza. Considero tão urgente impedir isto que eu reordenaria todos os outros objetivos da educação por esta prioridade.
Assim fica difícil proporcionar uma educação de qualidade, pois as normas atuais não ajudam. A legislação busca a melhoria da qualidade de vida, mas será que ela esta alcançando seus objetivos?
O Estado manipula o modo de criação, no entanto um pai não pode se quer dar umas “ palmadas” no filho que já é incriminado por este ato de correção.
Até mesmo no conteúdo da Bíblia diz: Provérbios 29:15 “A vara e a repreensão dão sabedoria; mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe.” Portanto, os valores espirituais, morais e cívicos, acabam sendo minimizados causando a falta de autoconhecimento e um individualismo real.
“A situação era tão nova que os velhos conhecimentos não cabiam mais”. ( Monteiro Lobato, A chave do tamanho).


4 – Como essas questões eram discutidas no cenário educacional nas décadas passadas

          No ano de 1969, em caráter obrigatório e como prática educativa, foi instituída a disciplina “Educação Moral e Cívica”, que tinha muitas finalidades, dentre elas o fortalecimento da unidade nacional e do sentimento de solidariedade humana, o aprimoramento do caráter com apoio na moral e na dedicação a família e a comunidade, e o preparo do cidadão para o exercício das atividades cívicas. Ela pretendia estimular a reflexão do pensamento voltado aos valores éticos e morais.
Porém, no inicio da década de 90 houve uma mudança no currículo escolar, abolindo a matéria Educação Moral e Cívica, da grade curricular.


5 – A ética nos dias atuais
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs – 1998), moral é sinônimo de saber viver as relações justas e cooperativas. Tratada como tema transversal, o que deveria acontecer na pratica do convívio social, acaba sendo deixada em segundo plano, para que os conteúdos das outras matérias.
Isso converge para um retrocesso no convívio social, o que não é ensinado, nem praticado, acaba ficando apenas no cognitivo.
A vivencia dos valores dentro da escola, deve ser feita na prática, com oportunidades educativas para que a criança e o adolescente aprendam os direitos humanos verdadeiramente.

6 – Considerações finais

            É de suma importância que a sociedade entenda que valores espirituais, morais e éticos são princípios que norteiam a vida dos indivíduos e os preparam para o convívio social. Eles devem ser aprendidos na escola, vivenciados e acima de tudo praticados nas relações do dia-a-dia e também, tratados como a mesma importância que as outras disciplinas possuem, não apenas transversalmente, mas como matéria primordial para que as outras possam ser aprendidas. Pois, numa classe em que não se respeita o professor, nem o colega, não se é solidário e não se pratica a justiça, não existe um ambiente de aprendizado efetivo. O que existe são cenas dramáticas de alguém tentando ensinar e alguns poucos tentando aprender. É nesta incoerência de falta de valores em que jaz a educação do Brasil.
Portanto, é preciso que o Estado reveja seus conceitos para melhoria da educação, pois como bem ilustra a frase: "Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." (Paulo Freire)


Referências Bibliográficas

SACRISTÁN, J. G. A educação que ainda é possível. Porto Alegre: Artmed, 2007.

SÁ, A. L. Ética e Valores Humanos. Curitiba: Jurua, 2007.

QUOIST, Michel. "Construir o Homem e o Mundo". Tradução: Rose Marie Muraro, 18ª ed., São Paulo: Duas Cidades, 1960.

LOBATO, Monteiro. A chave do tamanho – 10ª reimpressão do 42ª edição de 1995. São Paulo: Brasiliense,2003.

BÍBLIA. Português. A Bíblia de Jerusalém. Nova edição ver. E ampl. São Paulo: Paulus, 1985.

ADORNO, T. Educação e emancipação. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1995.



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